Thursday, January 27, 2005

Ο φοίνικας αναβιώνει απ'τις στάχτες του!

É, eu sei! Tem realmente muito tempo.

Mas é assim mesmo, nem sempre na vida temos a oportunidade de fazer o que queremos quando queremos. No mais a mais, nem sabia que tinha gente que lia esse blog - sério, não é hipocrisia! Achava que só a família lia esse negócio. Fui descobrir que o blog tinha leitores quando conversei com Hyor no fim do ano passado. Ele me disse que o povo andava perguntando porque o Vida Grega não estava sendo atualizado. Recentemente (acho que há uma semana) encontrei Invoid no MSN - o dito cujo tinha me mandado e-mail pedindo para adicioná-lo à lista. Lá ele me fez a mesma pergunta: "e o blog? Morreu?"

Bom, não. Não morreu. Ou, se morreu, está ressuscitando. Vou tentar postar mais freqüentemente - à propósito, por "freqüentemente" eu quero dizer "não tão raramente quanto um post a cada 6 meses". Infelizmente não é tão fácil pra mim atualizar o Vida Grega a cada semana (bom, eu até posso fazer isso, mas serão posts de uma ou duas linhas - ou seja, não vão dizer muita coisa...), então vou tentar fixar isso na base de uma vez por mês.

Tudo bem, você deve estar pensando, "sujeito folgado esse... uma vez por mês?", mas é vero:
  • eu passo basicamente o dia todo fora de casa. Tenho aula das 9 da matina até as 6 da tarde. Às 6 vou pro restaurante da facul, e só estou em casa por volta das 8 da noite;

  • quando chego em casa estou tão cansado que não quero estudar, pensar, calcular ou me organizar em nada (isso inclui pensar e organizar uma nova entrada pro blog); e

  • quando sobra tempo livre, não quero fazer nada, porque... bem, porque uma hora a gente cansa de estudar, e também porque sou filho de deus. Sombra e água fresca, aquele "não-fazer-nada-zinho", é bom! :-)


Anyways, vamos às...

.:Novidades:.

Tem muita coisa, então temos que separar o trigo do joio. Vou tentar fazer um rápido wrap-up da coisa toda e updatear todo mundo.

Cheguei em Outubro de 2003 e, como não tinha lugar pra ficar, me hospedei com amigos gregos até achar um apartamento pra alugar. Procurei por dois meses até achar alguma coisa custeável - os preços variam geralmente entre 350 e 600 euros. É possível achar mais caro... e mais barato. O problema é que os mais baratos se localizam no centrão, alguma coisa como a Praça da Sé de São Paulo, ou, bem... a Liberdade, em Salvador.

Ok, ok. Liberdade é exagero, porque não existe coisa assim na Grécia (imagino que não exista na Europa inteira), mas, bom... apesar de não haver coisa de muito baixo nível por aqui também não é muito legal tentar a sorte e me meter em qualquer buraco que aparecer. Terminei achando um apê legal pertinho da faculdade, e perto do centro também (só 5 minutinhos de metrô, nem precisa fazer baldeação). Sorte porque os apartamentos perto da faculdade são os mais caros - lógico, o povo vem das ilhas da Grécia pra estudar em Athenas e têm que alugar um lugar pra ficar. Então os preços sobem. Geralmente estão na faixa de 600 euros, enquanto que esse aqui custa 200.

Resumo: no comecinho de janeiro saí da casa do meu amigo Efthymios (o grego que me hospedou quando vim à Grécia em 2000 e em 2002 - e, bom, de Outubro a Dezembro de 2003) e me instalei por aqui, onde tenho estado ever since.

Nesse período eu já estava em aulas. Aulinhas de grego, mesmo. Antes de ter aulas na universidade era necessário passar por um período semestral de aulas. Assim, logo no começo encarei 6 meses de grego na cabeça, com direito a um exame de proficiência a ter lugar logo após o término das lições - se quiser, pode dar uma olhadela nos meus testes e redações.

Aliás, a prova final foi tanto escrita como oral. Trabalho em dobro.

Mas tudo foi bem. Eu passei, e tive o verão pra mim. Esperei até que as aulas na universidade começassem.


.:E o Brasil? Esqueceu?:.

Todo mundo me pergunta: "o que aconteceu?", "não voltou pro Brasil no verão?", "cansou do país?", "não quis rever a família?", "e os amigos?", "foi o dinheiro?", "a passagem?", "a distância?", "o sucesso?", "a fama", "o estrelato?" E, definitivamente, a frase que mais ouvi: "você ainda vive?!"

Vivo, sim. Faço das minhas as palavras do Helloween: I'm Alive!

O problema é que tive algumas dificuldades com os documentos. Aprendi que o visto (aquele pelo qual lutei tanto quando estava no Brasil - tive que ir pro Rio de última hora por causa dele) só durava 3 meses, e tinha que conseguir um visto de permissão de residência - o famigerado permit. Que, deixe-me frisar, não é a mesma coisa que um visto, ou visa. O visto é simplesmente uma autorização de entrada no país; já o permit é uma autorização para residir legalmente no país. Ou seja, com um visto do consulado eu posso vir à Europa e permanecer na Grécia (ou em qualquer outro país, contanto que faça parte da união Schengen) por um período de 3 meses. Logicamente, se você viaja ao estrangeiro para fazer um curso de graduação levará muito mais que três meses - no meu caso, 5 anos. Ou seja, estarei então residindo no país, e, portanto, será necessário um visto de residência (olha o permit aí!), e não um visto de entrada (visa).

Dei entrada no tal do permit, mas o danado nunca saiu. E, portanto, não seria possível sair do país (porque sair eu até poderia, mas não poderia mais voltar, já que, teoricamente, passei mais de 3 meses no exterior sem um visto de residência). O resultado é que negariam minha entrada no país, e eu seria trazido de volta ao Brasil, no mesmo avião em que teria ido à Grécia.

Sobre esse incidente ouvi muita gente dizer muita coisa:
  • uns diziam que eu poderia sair do país, e que, quando voltasse, apresentasse documentos certificando que estudo numa universidade grega;

  • outros, que era só contactar a embaixada ou consulado no país de origem (no meu caso, o Brasil) e pedisse a eles um outro visto de entrada na Grécia;

  • que é possível sair do país por um mês em período de festas ou férias (natal/ano novo e verão).

Infelizmente:
  • Nadaver. Presenciei ao menos 4 casos de amigos meus aqui que caíram nessa conversa, e foram mandados ao país de origem no mesmo dia. Chegaram no aeroporto, apresentaram todos os papéis de que estudavam aqui, estavam legais, não faziam nada errado, tinha uma bolsa do ministério, e todos os argumentos que se possa imaginar. Não deu outra: sem o permit, não entra. Voltaram pra casa no mesmo avião em que vieram.


  • Nadaver. Meus pais tentaram conseguir um visto de entrada falando com alguém do consulado. Não adiantou: disseram que se eu já estava aqui, deveria tentar arranjar alguma coisa aqui. (O que, é claro, não aconteceu, já que falei com Deus e o mundo e nada deu certo)


  • É verdade. É possível. Mas é um pouco complicado viajar 16 horas para passar só uma semana, talvez duas (no caso de natal e ano novo), ou um mês (na verdade, 28 dias) e ter que voltar. Pra ir ao Brasil, tem que ser pelo menos uns 2 meses.

O resultado, no final das contas, é que não deu certo. Ainda estou à espera do permit - quem não tem passaporte europeu vai invariavelmente passar pela mesma situação caso venha à Europa pra ficar mais de 3 meses (ou 6 - eles dão a oportunidade de extender o visto de turismo para 6 meses, desde que você prove que tem dinheiro suficiente pra bancar a sua estadia no país). Ou seja, se você tem um avô, ou avó, da Espanha, Itália, Portugal, qualquer coisa... pode ir mexendo os pauzinhos aí pra conseguir um visto europeu, senão... é encarar - como diria MyCows - a vida dura. É pra tomar vários Dreher. :-)


O Parthenon de frente. Posted by Hello


.:E a Vida Atual?:.

E a vida atual? Pois é. Estou na facul, encarando as aulas, e, vou dizer - são difíceis. Bastante detalhistas e específicas. O material de que os gregos dispõem para História e Arqueologia (o curso que faço) é ridiculamente extenso. Para usar um termo grego, é homérico. Mas as aulas são verdadeiramente interessantes, e se o aluno tem interesse no assunto, é infalível: é quase impossível não prestar atenção às aulas.

Durante os meses de janeiro e fevereiro estarei em provas, o que quer dizer que estarei ocupado. Com exceção dos testes, entretanto, posso dizer que a vida vai bem. Ainda moro no mesmo apartamento - apesar de que pode acontecer de me mudar para os dormitórios da faculdade num futuro próximo - e tenho acesso à Internet (querendo mandar e-mail, pode escrever!). De vez em quando dou uma olhada no MSN, no Yahoo... raramente no ICQ.

Ah, mais uma coisa: fiz uma página, a Phosphoros, e um fórum chamado The Ancient Agora (a palavra em português se pronuncia "ágora"; em grego, "agorá") de História e Arqueologia (e, bom, de línguas também, já que são assuntos relacionados). É coisa recente.

A Ancient Agora foi feita porque procurei por fora (em português soa engraçado, mas "fora" é o plural de "forum" em Latim) sobre o assunto na Internet, e só achei dois - ambos de qualidade dúbia. Então achei que poderia criar algo de qualidade. É super recente, e ainda não tive tempo de fazer o "marketing", então... creio que demorará a crescer. Mas não tem problema. Minha opinião é a de que mesmo que haja somente 20 pessoas, se interessarem-se no assunto valerá a pena.

Quando à Phosphoros, a página foi feita porque aqui e ali eu tomo notas de alguns assuntos que estudo na faculdade, e pensei que seria legal fornecê-las "ao público", ou seja, coloca-las ao alcance de todos. Infelizmente, eu sempre escrevo ou em inglês ou em grego (meu português foi completamente relegado a conversas ou ao contato com pessoas de mesma língua que eu, o que raramente acontece), então leva um pouco de tempo para colocar as notas (ou textos, ou artigos) online porque não é só copiar, há que traduzi-las.

Mas não estou com pressa. A vida é bonita do jeito que é, vivendo cada dia. :-)

Até o próximo post!

Verberat nos et lacerat fortvna: patiamvr. Non est sævitia, certamen est, qvod qvo sæpivs adiermvs, fortiores erimvs.
- Seneca